Confinamento visual do Curió

23/12/2011 15:49

 

CONFINAMENTO VISUAL  DO CURIÓ 
Estudos e Pesquisas Elaboradas Por 
Dr. Gilson Ferreira Barbosa 
Presidente da SOCRIPI-ILHÉUS 
TÉCNICA DO CONFINAMENTO VISUAL
1. MÉTODO PARA PREPARO DOS CURIÓS 
        DE CANTO PRAIA GRANDE CLÁSSICO 
        CONFINAMENTO VISUAL 
                                                   
   NOTA 
                O OBJETIVO DA DIVULGAÇÃO DESTE TRABALHO É TORNAR 
PÚBLICO TODOS OS AVANÇOS CONSEGUIDOS POR NÓS NESTES DEZOITO 
ANOS DE PESQUISA E DEDICAÇÃO AO ENSINO DE DIALETOS A FILHOTES DE 
CURIÓ. ESPERO TER RESPONDIDO COM RIQUEZA DE DETALHE TODAS AS 
PERGUNTAS QUE A MIM SÃO DIRIGIDAS POR TODOS AQUELES QUE 
COMPARTILHAM DA MESMA PAIXÃO.  
                                                                       O AUTOR. 
              01 – MÉTODO PARA PREPARO DOS CURIÓS DE CANTO 
PRAIA GRANDE CLÁSSICO 
CONFINAMENTO VISUAL 
                              
                             
 A capa é sem dúvida um dos acessórios da maior 
importância na criação de CURIÓS, não só pela proteção que ela propicia ao pássaro 
em relação às influências de origem física e visual do espaço exterior durante o 
manejo, mas pela condição de segurança psicológica que ela desenvolve no pássaro 
produzindo o condicionamento necessário à simples remoção da mesma  provocar O 
DESENCADEAMENTO DA ABERTURA DO CANTO DA AVE. Esta prática libera os  
estímulos condicionados e desenvolvidos  pelo uso correto e sistemático da capa, 
criado pelo momento de quebra da  ROTINA E MONOTONIA provocadas pelo 
condicionamento visual e luminoso imposto pelo uso da capa. O momento da remoção 
provoca o aumento da luminosidade e a liberação da visualização  do espaço exterior 
elementos estes (luminosidade e visualização) necessários e suficientes para ativar os 
estímulos que provocam a abertura do canto e funcionam baseados na mudança do 
estado a que a ave encontra-se adaptada. Esta mudança induz na ave uma nova 
situação de comportamento à medida que a ela é dada a condição de visualização do 
espaço exterior, e como resultado,  ABRE O SEU CANTO  anunciando ao mundo exterior (que lhe é mostrado) a sua presença  e tenta  estabelecer os seus domínios. 
ABRINDO O CANTO, o Curió verifica a existência da presença de um outro nas 
proximidades.    
 Após  um período de 06 (seis) dias de “CONFINAMENTO 
VISUAL”  (encapagem) a gaiola deve ser conduzida ao exterior, procedendo-se à 
remoção cuidadosa da capa, (deve-se levar  em conta que a ave fica muito mais 
sensível e ativa com seus mecanismos de observação bem mais aguçados) e 
penduramos a gaiola em local costumeiro e adequado a tal fim e  aguardamos a 
abertura do canto durante 05 (cinco) minutos. Ocorrendo a abertura do canto neste 
período, observamos a relação existente entre o tempo em que a ave leva cantando e 
os espaços intercalados entre as cantadas buscando identificar o momento em que a 
ave começa  A CAIR DE PRODUÇÃO (o tempo intercalado entre as cantadas passa a 
ser  maior do que o tempo cantando) a partir da queda de produção o curió (se não for 
provocado pelo canto de um outro) perde cada vez mais o estímulo adquirido  pelo 
“CONFINAMENTO VISUAL” e tende a parar de cantar voltando ao estágio em que se 
encontrava antes do uso da técnica aqui descrita. 
Ao identificar o momento em que o curió começa a cair de 
produção, a gaiola deve ser removida cuidadosamente do gancho e encapada, sendo 
em seguida transportada para o interior da residência do criador (ou veículo) e 
pendurada em local costumeiro. O Curió durante o período em que se encontra 
encapado não canta, ou melhor,  não deve cantar, não deve  ser estimulado a cantar 
com outro pássaro pois estimula-lo a cantar encapado pode comprometer todo o 
trabalho que está se desenvolvendo. O tempo de exposição recomendado durante o 
período em que se está desenvolvendo o condicionamento não deve ultrapassar a 30  
(trinta) minutos mesmo que o pássaro não demonstre queda de produção. Mantém-se 
o curió em regime de “CONFINAMENTO VISUAL” constante,  propiciando a remoção 
da capa periodicamente tornando com o decorrer do tempo as remoções diárias. Estes  
procedimentos não podem sofrer alterações nem variações no seu ritual sobre pena do 
criador não conseguir estabelecer a rotina do  CONDICIONAMENTO PSICOLÓGICO 
DA AVE,  os procedimentos aqui descritos devem ser seguidos  rigorosamente para 
que se alcance os resultados desejados. A gaiola não deve ficar pendurada 
desencapada por período superior aos recomendados sobre pena de comprometermos  
todo o trabalho anteriormente desenvolvido, tal atitude rompe a rotina de 
condicionamento a que a ave está sendo submetida.   
 Não ocorrendo  à abertura do canto no tempo 
regulamentar 05 (cinco) minutos, o pássaro deve ser cuidadosamente removido do 
gancho  e a gaiola encapada,  sendo transportada para o interior da residência do 
criador ou veículo, permanecendo confinado por novo período de 06 (seis) dias, 
quando repetimos o processo até que ocorra a abertura do canto e se estabeleça o 
momento em que a ave começa a  CAIR DE PRODUÇÃO.  Durante as exposições 
visuais não devemos usar nenhum recurso para estimular a ave a abrir o canto, tais 
como outro curió, reprodução do canto por quaisquer meios tais como Discos,  Fitas 
k-7, CD (s), ou mesmo assobios, estalar de dedos ou  lábios   produzidos pelo 
criador, o curió deve abrir o canto mediante os estímulos desenvolvidos pela prática 
do  CONFINAMENTO VISUAL.  
O criador observará durante as primeiras exposições que 
a ave desenvolverá uma sensibilidade muito grande  em relação a tudo que se move 
ao alcance da sua visão tal como pardais, lagartos nos muros, borboletas, libélulas etc. 
respondendo às vezes com a emissão de assobios ou serradas ou com a interrupção da 
cantada que estava executando o que demonstra ser tal comportamento um bom sinal 
de que o método esta sendo assimilado e verificamos aí o surgimento do  
comportamento INTERATIVO.         O curió estará PRONTO (em forma) ou seja, devidamente 
desenvolvido, quando responder a remoção da capa  COM A IMEDIATA ABERTURA 
DO CANTO sem que se tenha usado quaisquer meios para estimulá-lo  e apresente no 
mínimo 30 (trinta)  minutos de AUTONOMIA DE CANTO sem apresentar  QUEDA DE 
PRODUÇÃO . Mantemos o Curió interativo daí por diante, submetendo-o a exposições 
diárias (Remoção da Capa)  durante 30 (trinta) minutos de preferência pela manhã.  
Se o Curió possui aptidão para repetição de canto, ou é um repetidor (executa o 
Módulo de Repetição cinco ou mais vezes com muita freqüência), não devemos  
colocá-lo em nenhuma hipótese para disputar canto com outras aves, sobre pena de 
tornar-se dependente de tal prática para se estimular (ficar fogoso), bem como poderá 
adquirir vícios durante a disputa se os companheiros não forem dotados do mesmo 
dialeto, e se não cantarem com a mesma perfeição.  
O QUE FAZER ? 
QUANDO O CURIÓ NÃO RESPONDE SATISFATORIAMENTE AO MÉTODO DE 
CONFINAMENTO VISUAL E NÃO SE TORNA INTERATIVO.  
Alguns Curiós não  INTERAGEM  não abrem o canto por 
mais que se submetam ao método descrito, ou apresentam pouca evolução. Mantêmse indiferentes aos esforços do criador. Tal fato possui explicação na GENÉTICA DO 
PÁSSARO  em questão,  ou no  CALENDÁRIO DA AVE. Busca-se modernamente na 
CRIAÇÃO DOMÉSTICA INTENSIVA  a reprodução de pássaros interativos 
selecionados segundo os seus melhores CARACTERES GENÉTICOS e dentre eles  O 
TEMPERAMENTO tem a preferência da maioria dos criadores e não devemos aplicar o 
método em curiós fracos de TEMPERAMENTO.
Sendo o Curió ave TERRITORIALISTA por excelência  o 
TEMPERAMENTO INTERATIVO  é indispensável no desenvolvimento de qualquer 
atividade que envolva Competição com o uso do canto.  A INTERAÇÃO  é ponto de 
partida para o desenvolvimento de qualquer atividade que envolva os Curiós, portanto 
o método de CONFINAMENTO VISUAL desenvolvido aqui não se aplica a “CURIÓS
FRIOS” ou temporariamente nestas condições por motivos diversos, tais como Muda 
de Penas , Acidente de Manejo, Uso Inadequado de Fêmeas, 
Incompatibilidade territorial doméstica  etc. 
                                        O calendário da ave deve ser observado, pois nada adianta 
a aplicação do método aqui descrito em  curiós que esfriou para TROCAR DE PENAS
ou encontra-se em fase DE ENXUGAMENTO DA MUDA .  
                                        Pássaros  debilitados, apáticos  ou com temperamento 
retraído temporariamente por motivo de esgotamento  provocado por  exposições 
prolongadas em disputas de fibra,  não devem ser submetidos ao método aqui 
desenvolvido. Devemos esperar que recuperem A AUTO CONFIANÇA perdida com o 
relaxamento do temperamento, (frouxidão) ou reabilitação do estado de saúde em 
pássaros debilitados por motivos diversos tais como: Repasse de muda mal feita ou 
mesmo repetição total da muda que acaba de concluir (ambos os casos provocados 
por manejo inadequado).  
 
O Autor 
Dr. Gilson Ferreira Barbos